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Agra propõe ações contra a seca em carta aberta aos patoenses



Em sua visita a Patos, o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, entregou uma carta aberta à população sertaneja, na Câmara Municipal daquela cidade, durante a audiência pública realizada na sexta-feira (12), que discutiu problemas e soluções para a seca que assola a região. Agra propõe que seja criado um Plano Emergencial de Abastecimento d'Água e um cronograma de aplicação dos recursos federais e estaduais.

Agra entregou a carta pessoalmente aos vereadores, colocando-se a disposição para contribuir com o debate e com a busca de soluções para aliviar os efeitos da maior seca dos últimos 50 anos. O documento ficou registrado nos anais da Casa.

Carta aberta ao pavo de Patos
 
“Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão/ pelo auxílio dos sulistas nessa seca do sertão/ (...) mas doutor, uma esmola pra um homem que é são/ ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão/ dê auxílio ao nosso povo/ encha os rios de barragem/ dê comida a preço bom/ não esqueça a açudagem/ livre assim nós da esmola/ que no fim dessa estiagem/ lhe pagamo inté os juros/ sem gastar nossa coragem" (José Dantas e Luiz Gonzaga)

A seca que atinge o semiárido nordestino é a mais severa dos últimos 50 anos. Cerca de 20 milhões de pessoas que vivem nessa região do país assistem, desesperadas, ao fenômeno da ausência de chuvas e da ausência de políticas públicas que possam proporcionar a homens, mulheres e seres vivos, de um modo geral, a convivência com esse clima sem que tenham suas vidas dizimadas por ele.

Já perdemos 80% da nossa produção agrícola e 70% da produção leiteira. Metade do nosso rebanho morreu, devastado de fome e de sede. E nem os pequenos pedaços de chão, que recebem a dádiva tecnológica da agricultura irrigada, estão livres dos estragos proporcionados pela estiagem prolongada. Calcula-se que 50% de tudo que foi produzido no perímetro irrigado também tenha sido perdido. O Ministério da Integração acredita que os prejuízos já ultrapassem os R$ 16 milhões.

E esse atual quadro difícil que passamos ainda pode vir a ficar pior. É isso que escutamos sobre as previsões meteorológicas para os próximos anos. Os especialistas apontam para outros períodos de pouca chuva, insuficiente para encher nossos mananciais e cobrir nossa lavoura com o verde da fartura e da esperança. Entretanto, independentemente da intensidade das próximas secas que se aproximam, nós, nordestinos, paraibanos, homens e mulheres, fortes, trabalhadores, forjados na luta da sobrevivência cotidiana, sabemos que dela não temos como fugir.

Não temos como acabar com a seca, porque ela faz parte da natureza da nossa terra, do nosso clima, da nossa vegetação, do nosso lugar no mundo. Mas sabemos também que podemos ter mecanismos que nos proporcione conviver com ela.

Assim, além de trazer a minha solidariedade ao povo de Patos e do Sertão da Paraíba, venho juntar-me àqueles que sabem que é possível fazer mais diante desse quadro desolador e que é possível implantarmos medidas para aliviar o sofrimento da nossa gente. Algumas delas que requerem esforços concentrados e grande investimento de recursos públicos, a exemplo da conclusão das obras de transposição das águas do Rio São Francisco e da construção de novas barragens e adutoras que atendam um maior número de municípios.

Defendo que ações urgentes e de caráter mais imediato sejam tomadas, para evitar que uma catástrofe ainda pior atinja nosso Estado. Proponho que seja criado e executado um Plano Emergencial de Abastecimento d'Água nas regiões afetadas com a escassez dos recursos hídricos. Um plano que contemple ampliação do número de carros-pipa; recuperação e instalação de poços artesianos; limpeza e desobstrução de pequenas e médias barragens e instalação de dessalinizadores nos pontos com concentração de sal, para tornar a água própria ao consumo humano.

Também consideramos essencial a criação de um cronograma de aplicação dos recursos destinados a atenuar os efeitos da seca. Instrumento que seja elaborado em conjunto com as lideranças e o povo que vive no Sertão, no Cariri e nas demais áreas atingidas, e que possibilite a vigilância e o controle social sobre essas finanças. Entendemos que com o planejamento adequado e a destinação eficiente das verbas públicas é sim possível proporcionar alívio ao sertanejo e evitar a dizimação do nosso rebanho e a perda total de nossa colheita.

José Luciano Agra de Oliveira

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