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INFÂNCIA VIOLADA




O Conexão Repórter foi à João Pessoa, capital da Paraíba. Onde existe uma rede de agenciamento para o mercado do sexo, orla a noite. Prostitutas dominam o calçadão da praia. Elas se preparam para os clientes com maquiagem pesada. No meio de prostitutas maiores de idade, adolescentes se misturam para também vender o corpo. Mas a exploração sexual infantil acontece mais às escondidas. Não está exposta nas ruas. São os aliciadores que administram o negócio. As garotas chegam até os clientes pelas mãos de quem agencia os programas. Numa zona rural de João Pessoa funciona uma espécie de show com o sugestivo nome de Paraíso bar. A placa na porta diz que proíbe a entrada de menores de 18 anos, mas é, literalmente, apenas fachada. Uma garota de apenas 15 anos distrai os frequentadores com um banho de chuveiro, nua. Andamos um pouco mais pelas ruas de João Pessoa. Logo, aparece uma agenciadora de menores para programas sexuais. Meia hora depois, ela retorna com uma garota menor de idade. De João Pessoa, partimos para Campina Grande, no interior da Paraíba, a 122 quilômetros da capital. Tivemos a informação de que existe uma rede de aliciadores atuando na cidade. Nossa equipe recebe um nome: Preta, um apelido. Ela seria a principal agenciadora de menores da cidade. E um detalhe chama atenção. Ela também é menor de idade, tem 16 anos. Entramos em contato com ela. Com um microfone escondido por baixo da roupa, nossa produtora vai ao encontro de Preta. Nosso cinegrafista vai registrando tudo com uma câmera escondida. O clima é tenso. Preta se aproxima. Nossa produtora explica que estaria atrás de meninas para um grupo de estrangeiros que está vindo para a Paraíba. Acertamos o preço de cada menina. Tudo para documentar a negociação. No dia combinado, vamos ao encontro das duas menores encaminhadas por Preta. Vamos conversar com elas, no apartamento de uma delas. Depois desse encontro, a aliciadora nos ofereceu outras garotas. Uma delas, de apenas 10 anos.
Quatro meses de investigação, quatro meses desvendando a exploração de crianças no Brasil. Um submundo ignorado, esquecido. O promotor público de Campina Grande acredita que a exploração sexual infantil começa em casa com a falta de estrutura familiar e com a destruição dos valores morais e promete tomar as medidas jurídicas cabíveis sobre as denúncias . POSTADA POR ANA MARIA GOMES.

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